28/11/2010

Santana Castilho no FB

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O Professor Santana Castilho acaba de criar uma página no facebook

Ainda não tem publicações, mas já podem adicioná-lo como amigo:



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26/11/2010

Ciclo de Conferências e Debates – Pensar Portugal

Conhecer Portugal, pensar o País e contribuir para a identificação dos grandes problemas nacionais, são os objectivos do ciclo de conferências “Pensar Portugal”. O Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa uniu-se neste objectivo à Fundação Francisco Manuel dos Santos: promover o conhecimento e a participação da sociedade civil em debates públicos sobre os mais diversos problemas contemporâneos.
A selecção dos temas a tratar foi feita com base na Colecção “Ensaios da Fundação” - textos breves que, de forma rigorosa e fundamentada, exprimem a realidade nacional.
Este ciclo de conferências resume-se em poucas palavras: cidadãos informados são os que estão mais habilitados a formar uma opinião independente e livre.

O Ciclo de Conferências e Debates – Pensar Portugal terá lugar no Restaurante, no Piso 7, do El Corte Inglés de Lisboa, às 19 horas.

Inscrições disponíveis no Ponto de Informação, no Piso 0, do El Corte Inglés de Lisboa.


Programação
Difícil é Educá-los

Data: 26 de Novembro El Corte Inglés de Lisboa, Restaurante, Piso 7

Autor: David Justino
Convidado: Paulo Guinote

Moderador: Santana Castilho

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24/11/2010

Difícil é educá-los

in Público, 24/11/2010

Santana Castilho *



A epígrafe é título de livro. Simples, como o são todas as coisas importantes. O livro que David Justino escreveu não será suficiente para catalisar um debate e um compromisso social sem os quais continuaremos a estragá-los. Mas é mais um passo nesse percurso meritório a que a Fundação Francisco Manuel dos Santos se entregou. O livro é um contributo sério para que algum dia comecemos a educá-los. Recomendo a sua leitura a todos os que se interessam por eles. Eles são os nossos estudantes.

A amizade que me liga a David Justino foi construída, era ele ministro da Educação, sobre discussões longas e francas que tivemos a propósito das medidas de política que ia lançando. Muitas vezes fiquei perplexo, e assim lho dizia com frontal franqueza, face à dissonância que encontrava entre o pensamento dele e as medidas que acabavam por ganhar forma. A resposta era invariavelmente a mesma: os constrangimentos de contexto político e os estranhos equilíbrios, que nunca entendi, de que o ministro não podia dispensar o professor. Que pena tenho que David Justino, ministro, não tenha feito aquilo que David Justino, professor, hoje defende no seu livro. Estaríamos, sem qualquer dúvida, a educá-los melhor.

Na apresentação do livro, David Justino afirma haver uma pergunta decisiva por responder em Portugal: o que queremos do sistema educativo? Parece retórica recorrente, mas não é. Outrossim é chave para podermos fazer diferente. David Justino clama pela necessidade de definirmos uma visão de futuro para o país, sem a qual não poderemos orientar o sistema de ensino para o modelo de sociedade que queiramos construir. E lamenta que o debate nunca se tenha libertado do imediato nem ultrapassado o ambiente da polémica permanente, dominada pela “ busca obsessiva da acção, por mais efémera que esta se revele”. David Justino tem razão. Portugal está no limiar de uma viragem. Ou se afunda e perde a pouca soberania que lhe resta, ou muda de paradigmas para se regenerar. Mas não o pode fazer sem refundar o seu sistema educativo. Há medidas imediatas que podem alterar, de um dia para o outro, a penosa vida das escolas. Assim o próximo ministro da Educação tenha reflexão produzida que lhe permita fazer rápido o que é urgente. Mas o importante passa por um debate social que nunca houve e responda à pergunta que David Justino formulou. Um ministro competente terá certamente ideias fortes e formadas. Mas falhará se não perceber que as não pode impor. Terá que demonstrar. Terá que liderar um processo de adesão colectiva, que acolha os outros. Terá que transformar o confronto permanente em cooperação constante e duradoira. Porque é esse o único caminho para educá-los.

David Justino volta a ter razão quando sublinha o papel determinante que o valor que a sociedade atribui à escola tem nos resultados escolares. Cita o sucesso educativo de países emergentes da Ásia e atribui-os a uma forte “tradição com contornos éticos e religiosos de inspiração confucionista e budista, que valoriza o ensino e o papel social dos letrados”. “A disciplina, a autoridade e o respeito pelos mais sábios” são valores que o autor afirma fazerem “parte dessa dimensão ética e moral, que sempre esteve presente no ensino público” daqueles países. E retoma a ideia quando analisa os resultados de países como a Hungria, República Checa, Polónia e Eslovénia, “fortemente identificados pelo papel concedido à educação nos antigos regimes pro-soviéticos”. Eis outro dedo numa enorme ferida. Desde 2005 que a acção governativa se empenha em desvalorizar os professores aos olhos da sociedade e em promover iniciativas que transformaram o sistema de ensino na antítese dos valores citados. Há, assim, uma outra regeneração que urge: a do Portugal dos valores. É urgente remover os vendedores de fantasias; dizer basta aos que se apropriaram irresponsavelmente do Estado; despedir os que se serviram e abrir portas aos que queiram servir. Esta proposição não é romântica. É indispensável para devolver aos cidadãos a confiança no Estado.

David Justino tem ainda razão quando analisa os planos de estudo e os programas (chegando a afirmar que no 1º ciclo do básico “poderemos estar perante uma clara inadequação entre o que se pretende ensinar e o que é possível aprender”), o ensino profissional, o fascínio pela tecnologia (que pode conduzir à desvalorização do que é fundamental), a promoção da equidade social (cuja “melhor forma para atingir esse fim não será descer ao aluno, mas fazê-lo subir a um nível superior de capacidade intelectual”) e a autonomia das escolas.

Mas também há aspectos de que discordo. São vários e têm um fio condutor: a valorização que David Justino confere a muitos indicadores económicos e, sobretudo, as conclusões a que chega a partir de determinados dados estatísticos. Quando as li, ocorreu-me mesmo o velho aforismo: há as mentiras sem importância, as graves e … a estatística. Dou um exemplo: usando um gráfico da OCDE, que apresenta a despesa anual por estudante em relação ao PIB por habitante, David Justino afirma que somos o país que mais gasta em termos relativos. Ultrapassamos todos os 37 do gráfico. Consideremos, porém, que um livro, um computador ou um quilo de carne não são mais baratos em Lisboa que no Luxemburgo. Então, existe um outro indicador, bem mais relevante, o PIB por habitante em padrões de poder de compra … que inverte completamente a leitura de David Justino. É que o nosso exprime-se pelo número 79 e o do Luxemburgo pelo número … 255.


* Professor do ensino superior. s.castilho@netcabo.pt

(sublinhados meus) 

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O livro de David Justino, Difícil é educá-los, estará em debate moderado por Santana Castilho e promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, amanhã, 26 de Novembro, no El Corte Inglés, pelas 19 horas.
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15/11/2010

sobre SC


o que há de novo neste espaço:
  • uma biografia meio-feita ..  (agradecem-se contributos)  - link
  • uma palestra de fôlego, A Dessacralização da Avaliação de Desempenho, na página "entrevistas.."- aqui
  • uma página (aqui) sobre "Os Bonzos da Estatística" - que reúne a introdução de Santana Castilho nele inscrita e a sua dedicatória, mais o magnífico texto de apresentação do livro, por parte do Professor Manuel Ferreira Patrício, aquando do lançamento desta obra maior, em 17/09/2009.

    11/11/2010

    reacções ao artigo * de Santana Castilho

    * (ver aqui


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    ProfBlog:
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    SPGL:
    http://www.spgl.pt/artigo.aspx?sid=2d1ad7fd-8211-41b8-a1c8-44aed60d38ea&cntx=cINXB3VUiBj5TmM77EgRMlctkjMbOVedE3zB3bhsieV%2B2CuRG%2BJUaptbwc%2BJy%2FCv
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    In Verbis:

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    Sigo há muito tempo os artigos do Prof. Santana Castilho. Já perdi a conta dos artigos dele que me chegaram à caixa electrónica e que eu, de imediato, reencaminhei.
    Não há palavras para o bem que este homem bom e íntegro tem feito à consciência dos portugueses. Mas siga o meu conselho, afasta-se da tentação do poder. O seu papel é muito mais importante deste lado, do lado do povo.
    Obrigado Santana Castilho. - Che Quédaminhavara
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    Muitos dos que têm ou tiveram as rédeas do país pensam que enganando alguns, desde que um punhado suficientemente grande, podem tudo. Esquecem que há sempre os outros. Este artigo evidencia que há quem se importe, quem saiba das coisas e quem guarde na memória as malfeitorias que se vêm fazendo ao país, até agora impunemente.
    Parabéns ao autor pelo raio de luz que traz às trevas. - Priolo
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    Portugal precisa de pessoas que saibam ajuizar e procurar o justo à luz do direito para que a soberania seja controlada pelo povo e não seja exercida de forma delinquente sacrificando os direitos de uns protegendo os delitos de outros. - Picaroto

     

    10/11/2010

    Portugal precisa de uma cultura diferente de responsabilidade

    in Público, 10 de Novembro de 2010

    Santana Castilho *

    1. A Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE) produziu um longo esclarecimento sobre a forma como dois decretos-lei deveriam ser interpretados. Porquê? Porque haverá incorrecções relativas à progressão na carreira docente nos últimos três anos. Consequências? Directores mobilizados para um longo trabalho administrativo de expurgo; professores ameaçados de retrocederem na carreira e reporem parte dos salários recebidos. Não se trata de legislação de ontem. Trata-se de legislação com anos. Esta circunstância torna pertinentes as considerações seguintes: por que razão só agora a DGRHE se deu conta da situação? Que interpretação estará correcta? A que agora é feita por aquele organismo central ou a que foi feita pelas direcções das escolas? Ou ambas são possíveis? Que fizeram as estruturas de supervisão e controlo? Sabe-se que muitos pedidos de esclarecimento foram feitos à DGRHE. Que respostas obtiveram? Quem responde pela má qualidade da produção de leis que, assim, originam prejuízos para muitos, tempo perdido e desconfiança acrescida? O texto que chegou às escolas continha a ameaça explícita de responsabilizar administrativa e financeiramente os actuais directores, mesmo que não tenham sido os intérpretes do que se questiona. Agora mesmo o problema é candente: em 2011 tudo ficará congelado; mas até lá há decisões que estão na mão de directores que têm dúvidas sobre as leis (na semana passada, o Conselho de Escolas dirigiu 100 perguntas ao secretário de Estado respectivo). Que devem fazer? Se adiam têm os professores em protesto angustiado, sob humana pressão. Se decidem correm o risco de mais tarde lhes dizerem que interpretaram mal e são responsáveis.

    Portugal precisa de uma cultura diferente de responsabilidade. 

    2. O debate sobre o orçamento de Estado foi uma coreografia de mau gosto. A casa da democracia foi substituída pela casa de Eduardo Catroga e os deputados por negociadores que não se sentam na Assembleia da República. Quando o orçamento chegou ao Parlamento, os seus 230 membros já estavam reduzidos a um papel que Eça e Ortigão assim caricaturaram, em versão ortográfica por mim corrigida:

    “…Toda a animação parlamentar, toda a vida representativa no mês corrente se resumiu no seguinte: a discussão da resposta ao discurso da Coroa. Esta discussão partindo de um ponto – a aprovação do projecto -, para findar exactamente no mesmo ponto de que partiu – a aprovação do dito projecto -, é verdadeiramente a imagem constitucional da “Kneph” dos egípcios, a velha serpente com o rabo na boca, o símbolo desolador da imobilidade oriental. Tanta palavra dispendida, tanto tempo empregado, tanto dinheiro perdido, tantos suores, tantos gritos, tantos copos de água desbaratados para se assentar nos termos em que o Rei tem de cumprimentar o país e em que o país tem de responder aos cumprimentos do Rei!” (“As Farpas”, Janeiro a Fevereiro de 1873).

    Portugal precisa de uma cultura diferente de responsabilidade. 

    3. O coração de muitos políticos parece reduzir-se a um código legal, que interpretam a seu modo. O meu é feito de matéria diferente e por isso dói e sangra como nunca. Foram muitas as situações ao longo da minha vida em que a minha lei foi ser contra a lei. Contra a lei iníqua. Contra a lei astuta que protege os poderosos e ignora os que nada podem. Contra a lei que despreza a moral e a ética. Contra o direito que não serve a justiça.

    Pedro Passos Coelho enfatizou publicamente a necessidade de responsabilizar os políticos civil e criminalmente e logo vieram a terreiro os bonzos de piquete: o que ele disse escapou à compreensão de Vieira da Silva; deixou perplexo Vitalino Canas, que considerou anormal ameaçar assim, nos regimes democráticos; surpreendeu o porta-voz do PS, Fernando Medina, que rotulou a afirmação de Passos Coelho de irreflectida e imponderada e garantiu que num Estado de direito a responsabilização dos políticos cabe aos cidadãos e não aos tribunais. Até Louçã falou do facto como mera fantasia. Mas Pedro Passos Coelho apenas disse o que a consciência cívica da nação pede. E só clamou pela aplicação da lei de que os seus sarcásticos críticos se esquecem ou fogem, em acto falhado. É velha de 1987 (Lei 34) e foi sucessivamente alterada em 2001, 2008 e 2010 (leis 108, 30 e 41, respectivamente). Na versão actualizada submete aos tribunais, entre outros, os seguintes crimes de responsabilidade de titulares de cargos políticos: atentado contra a Constituição da República; atentado contra o Estado de direito (que, recentemente, um procurador admitiu estar indiciado nas conversas telefónicas de Sócrates, cuja escuta viria a ser considerada ilegal); denegação de justiça; desacatamento ou recusa de decisão judicial (de que os sindicatos acusaram, não há muito, a ministra da Educação). Particularmente na questão que Pedro Passos Coelho concretizou, o gasto descontrolado de dinheiros públicos, a lei que cito é clara no seu artigo 14º, que versa a violação de normas de execução orçamental e fixa a pena de prisão para quem contraia encargos não permitidos por lei, autorize pagamentos sem visto do Tribunal de Contas ou autorize operações de tesouraria ou alterações orçamentais proibidas por lei.

    Portugal precisa de uma cultura diferente de responsabilidade. Com ela não teríamos chegado a estas trevas.

    * Professor do ensino superior

    08/11/2010

    porque ele merece!



    reacções à criação deste blogue ..
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    Mais do que merecida homenagem a Santana Castilho

    Saúdo a iniciativa de homenagear a dedicação do Professor Santana Castilho à defesa de uma educação séria e de uma escola pública dignificada
    (...)
    Para mim, foi uma honra ter conhecido Santana Castilho e um privilégio ter podido constatar a sua grandeza como homem vertical e frontal, mas também a sua inteligência sagaz, acutilante, visionária e mobilizadora.
    Já me fiz seguidor. É o mínimo que os professores resistentes podem fazer, como reconhecimento de toda a inspiração, apoio e consistência que Santana Castilho deu e continuará a dar à resistência de muitos de nós.
    Publicada por Octávio V Gonçalves


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    de Cândido, nos comentários ao post de OG:

    Fico muito satisfeito com esta homenagem, pois admiro muito a pessoa deste grande pensador e combatente da mediocridade que o socratismo instalou na educação! Aprecio o seu carácter e a sua frontalidade crítica e sem medos! Bem haja professor Santana Castilho pelo seu exemplo para todos nós! Um sentido ABRAÇO!
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    Blogue dedicado a Santana Castilho

    Foi criado um blogue dedicado ao professor Santana Castilho. Como já toda a gente que me conhece e que conhece os meus blogues sabe o que eu penso do homem e do profissional, abstenho-me de falar da justeza desta homenagem. (...)
    Como é óbvio, é um sítio que adicionei aos meus favoritos, um blogue do qual, com muita honra, me fiz seguidor. Exorto todos os meus colegas, aqueles em cujo âmago ainda flameja um centelha de esperança, a fazerem o mesmo.


    editor do DaNação , Luís Costa
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