polémicas


 09/08/2010

assunto: desagravo, Santana Castilho - Paulo Guinote *


* ver aqui e aqui , a origem da polémica (e atenção, os comentários são tão edificantes como os posts respectivos..)

RESPOSTA DEFINITIVA A PAULO GUINOTE
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Senhor Professor Paulo Guinote:

Ausente de Lisboa e sem acesso à Internet desde 4 deste mês, só hoje tomei conhecimento de um “e-mail” que me dirigiu e de dois “posts” que publicou sobre o meu último artigo do “Público”. Porque publicitou os seus comentários, espero que acolha o meu no mesmo local.

1. Sem o conhecer, tive consideração por si. Perdi-a há muito. E como é meu apanágio, desde tempos em que o senhor não era sequer nascido, tentei dizer-lho cara a cara. O senhor furtou-se. E não venha com jogos de cintura em que é mestre porque guardei os “e-mails” trocados. 

2. Embora necessária, não considero a inteligência uma qualidade humana de topo. Mas julgava que a possuía quanto baste. Os termos em que se refere ao que escrevi tornam evidente que me enganei. 

3. O senhor tem uma lamentável visão animalesca da informação pública disponível. Julga que a pode marcar, como os animais marcam território, e ela passa a ser sua. E não passa. Continua pública. Diz que demorou 2-3 dias a pesquisar o que escreveu no seu blogue. O problema é seu e não abona, duplamente, a seu favor. Primeiro porque revela que é um pobre pesquisador, já que qualquer pessoa expedita reúne o que o senhor reuniu num par de horas. Depois porque uma análise simples do que vai publicando, cruzada com o tempo que diz necessitar para lá chegar, torna ridícula tal afirmação. Não faria outra coisa na vida e precisaria de dias com 48 horas. Mas o que é relevante para o que agora importa é que o senhor não resistiu ao seu pedantismo, ao seu insuportável convencimento e à oportunidade de se pavonear ante uma assembleia de seguidores. 
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O documento que usei e que o senhor também usou é público e está ao alcance de qualquer, sem nenhum tipo de protecção. As páginas de que me servi estão identificadas e citada a publicação, por forma explícita e clara, enquanto a referência no seu blogue é implícita e menos clara. Por que diabo de raciocínio o senhor quer impor à plebe que eu teria sempre que ir beber ao guru Guinote? E que, quando ele usa uma fonte, qualquer outro que escreva sobre o mesmo fica proibido de ir ao original e é sempre obrigado a citar Guinote (ainda que o tivesse lido)? É essa a sua ética? Mas se o senhor não estivesse só interessado em dar espectáculo e cotejasse o que eu escrevi com o que o senhor escreveu, perceberia rápido que eu consultei documentos originais. Com efeito, no que toca às relações alunos/professores, o senhor fica-se pelo pré-primário e pelo básico, enquanto eu registo os números referentes ao secundário e ao superior. O que prova que fui ao documento original. Escapou-lhe esse detalhe, na ânsia de dar “show”.

O mesmo direi quanto aos números a que recorri para quantificar as despesas dos países comparados, que têm diferenças patentes dos que o senhor publicou. É só soletrar uns e outros, coisa que fará com facilidade. Usei dados da OCDE. O senhor veio depois dizer donde provinham os seus. Se procura reverências por os exibir, eu não. Não tenho essa visão parola da informação que uso e que está ao alcance de qualquer, sem sujeição a “royalties” abusivos. Se tem quem o procura como Sol, eu afasto-me de si por uma questão de higiene. 

4. Senhor professor Paulo Guinote,

não tenho que justificar coisa alguma, como o senhor insinua numa epígrafe da sua prosa, com a soberba que o caracteriza. Seria, ou será, ainda vamos ver, o senhor, que acusou, que teria, ou terá, veremos, que provar o que disse, coisa que não conseguirá, porque errou e não foi além de um simples processo de intenções. Mas a consideração que me merecem muitos colegas que o lêem e a defesa do meu nome, que não será enlameado por si depois de 40 anos de actividade docente, justificam mais algumas considerações, a saber:

5. Escolhi a Noruega como paradigma de mitos falsos por ser o caso em que é mais fácil mostrar evidências exibindo as estatísticas oficiais do país. Imagino o que o senhor diria se me tivesse espraiado com a Suécia, onde estudei em 1979, com quem desenvolvi projectos educacionais quando integrei o VIII Governo Constitucional e cuja realidade educativa acompanho continuadamente. Ou se tivesse falado mais da Finlândia, onde já me desloquei por três vezes, expressamente para estudar a organização e a política educativas. 

Senhor professor Paulo Guinote, 

estudei no Educational Testing Service, em Princeton, manipulando informaticamente dados educacionais, numa altura em que o ERIC chegava a Portugal em papel, apenas. Tenho anos de trabalho em projectos internacionais da União Europeia e do Banco Mundial, onde tabelas e quadros estatísticos nos afogam diariamente. A Escola Superior de Educação de Santarém, a que presidi, assim como ao respectivo Conselho Científico, durante quase uma década (andaria o senhor ainda pelos bancos da faculdade) foi pioneira, com a Universidade do Minho e a de Coimbra, na introdução da informática aplicada à Educação, como poderá confirmar compulsando a imprensa da época. Acha que tudo isso, que pouco vale, é certo, não me terá tornado autónomo do seu farol para encontrar uma insignificante informação que o senhor quer nacionalizar para o feudo do seu umbigo? Enxergue-se e poupe-nos ao provincianismo.

Três notas finais, senhor professor Paulo Guinote:

1ª Está à sua disposição o meu acervo documental, em suporte papel. São milhares de documentos, organizados com um profissionalismo que, como historiador, certamente apreciará. Precisará de muitos dias para percorrer, em diagonal, toda a informação estatística e dados sobre economia da educação. Mas ajudá-lo-ei a encontrar num fósforo as tabelas de que me socorri para citar a OCDE. E está também à sua disposição o meu computador pessoal onde, com a sua competência informática, poderá verificar as datas de arquivo do documento que usei sobre a Noruega, bem como das várias versões anteriores que, deduzi do que escreveu, eu conhecia há anos e o senhor não. Basta que comigo combine. Por uma única vez, entrará em minha casa e aí permanecerá o tempo que lhe aprouver para verificar a injustiça que cometeu. 

2ª Naturalmente que li os comentários que se sucederam aos seus “posts”. Não me incomoda a crítica, por mais dura que seja. Mas enojam-me aqueles que sob anonimato caluniam e ofendem, sem medir nem pensar, condenando inquisitoriamente. Ao que chegámos, no seio de professores! Permita-me, apenas a título de esclarecimento, que corrija um. Alguém diz ser um facto que eu sou associado da FENPROF e filiado activo, ligado a listas em processos eleitorais. Puro delírio, servido como facto. Tal como não tenho nem nunca tive filiação partidária, não sou nem nunca fui filiado em qualquer sindicato. 

3ª Sei que não está habituado a que lhe falem assim, pese embora a sua má criação militante. Diga o que disser, não lhe darei mais troco. Apenas lhe abrirei a porta da minha casa, se aceitar o repto. A polémica acaba aqui. Não me utilizará para se promover nem para alimentar o triste espectáculo em que o senhor é, do mesmo passo, produtor, actor e entusiasta espectador. Se tiver que voltar a si, será em juízo. 

Santana Castilho

Lisboa, 9 de Agosto de 2010



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sobre a sua participação no VIII governo constitucional, resposta a um comentador do Profblog


Acabo de ver uma referência, generosa, que entendeu fazer-me sob a epígrafe "Protagonistas". Naturalmente que lhe agradeço, penhorado.

Tenho uma admiração enorme pelo autêntico serviço cívico que os blogues hoje representam. É conhecimento individual posto ao serviço do colectivo, são horas e horas de trabalho solidário. Comparado com isso, o que vou atirando ao vento no "Público" tem pouca relevância. Você, meu Caro Prof. Ramiro, e outros, fazem muito mais e são os verdadeiros protagonistas.

Nos comentários que a sua inserção suscitou, que igualmente li, um comentador Martins, eventualmente colega, não esconde que não me aprecia. Coisa naturalíssima e direito elementar dele. Mas a atrevida ignorância que patenteou merece uma nota minha, a saber:

Estive 8 meses no VIII Governo Constitucional, donde saí por não vergar a coluna. Pediu o comentador Martins à colega Cristina Ribas que lhe indicasse meia dúzia de coisas que eu tivesse feito. Pois estou à disposição dele para lhe mostrar, com documentos (que ele poderia ter descoberto se quisesse comer o pó dos arquivos) o que produzi nesse tempo. Bastar-lhe-ia até compulsar a imprensa da época, para não ser tão injustamente ligeiro. Tenho a certeza que, se aceitar o meu repto, se retractará rapidamente. Se tiver algum meio de lhe fazer chegar este reparo, ficar-lhe-ei grato (pareceu-me desadequado, pelo tempo entretanto passado, eu próprio entrar na respectiva caixa de comentários).

Abraço-o com estima.

Santana Castilho


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assunto: direito de resposta, Santana Castilho - Mário Nogueira

in Público, 12 de Maio de 2010 



Resposta a Mário Nogueira.
por Santana Castilho (*)

Mário Nogueira assinou um artigo no “Público”, a que deu o título “Esta Fenprof incomoda que se farta!” Dir-se-ia refém de uma qualquer peça de Ionesco, tantos são os absurdos em que se enleia, ou convertido à Patafísica, “ciência” de soluções imaginárias. Mário Nogueira espadeira contra indeterminados, que não tem coragem de citar. Aderente ao axioma “quem não está connosco está contra nós”, Mário Nogueira convive mal com esse espaço de liberdade que designa por “blogues da especialidade”. Mas destaca-me do naipe, que apoda de adversários da Fenprof e arautos de falsidades. A deferência merece resposta:

1. O meu último artigo, que Mário Nogueira refere como exemplo dos ataques à Fenprof e paradigma de falsidades, tem três vertentes claras para quem não seja analfabeto funcional: resenha diacrónica de escritos meus, cuja substância foi confirmada por desenvolvimentos posteriores; opinião, em que sou acompanhado por milhares de professores, divergente da linha oficial da Fenprof, mas que só a escola burlesca de Tarik Aziz poderia ignorar; e perguntas. Perguntas difíceis de tragar por goelas apenas oleadas para dar passagem a elefantes e sapos vermelhos, partidariamente cozinhados.

2. Lê-se no meu artigo: “Conhecemos o texto do acordo. Mas não conhecemos as actas, que se presumem feitas, das discussões havidas na maratona de 14 horas de negociações que o antecederam. A consideração da classificação do desempenho para efeitos de graduação dos professores foi ou não objecto dessa discussão? Se foi, em que termos? Se não foi, por que não foi? Se não foi, que atenção mereceu nos 3 meses seguintes de reuniões sem fim?”

Isto não são falsidades. São perguntas legítimas a que Mário Nogueira não respondeu. E foi mais longe. Disse, com a naturalidade de um amador incompetente, que aguarda, 4 meses volvidos, que lhe enviem a acta de uma reunião de 14 horas, onde se tomaram deliberações graves sobre a vida de todos os professores. Esquecendo, para cúmulo, que a Fenprof divulgou, sob a epígrafe “Acordo de Princípios Sobre Aspectos do ECD”, logo em Janeiro de 2010, uma informação aos professores onde invoca o “compromisso assumido pelo M.E. em acta negocial” (sic., sublinhado meu, retirado de documento que detenho e poderei fornecer a quem o não conheça). 

3. Mário Nogueira chama-me implicitamente desonesto porque afirmei no meu artigo que a Fenprof não se deu conta, inicialmente, que a classificação do desempenho contava para a graduação profissional, em sede de concurso. Não lhe admito a baixeza. 

No dia 12 de Abril, no site da Fenprof, estava escrito: “Para o concurso que hoje se inicia, é de salientar o facto de, no respectivo Aviso de Abertura, já não constar qualquer referência à consideração da avaliação para efeitos de graduação profissional, factor que, como a Fenprof tem vindo a exigir e a esmagadora maioria dos professores a defender, não deverá ser considerado já neste concurso.”

Não é claro? É preciso fazer desenhos? Não aderi à moda da “acção directa” e por isso não meterei ao bolso o bigode do Mário Nogueira, quando o voltar a encontrar. Mas espero que ele tenha a hombridade de me telefonar a pedir desculpa. 

4. Mário Nogueira, numa construção frásica sem coerência, compara a solução (acordo) a que chegou com Sócrates com a admitida pelo PSD. E num jeitinho conveniente, que conheço, atira lá para o meio o meu nome. Entendamo-nos uma vez mais: numa conferência que proferi na Assembleia da República, a convite do PSD, a abrir um debate público em que Mário Nogueira também participou, sintetizei bem o que pensava sobre o destino a dar à avaliação do desempenho em análise: suspensão e lixo. E Mário Nogueira ouviu-me dizer, cara a cara e nessa sessão, a Aguiar Branco e ao PSD, aquilo que ele não pode dizer a Jerónimo de Sousa ou ao PC. É a vantagem de se ser partidariamente independente. O PSD e Aguiar Branco, particularmente, ouviram-me repetidas vezes. Mas não seguiram um só dos meus conselhos e deram o dito por não dito, como o Mário Nogueira. 

5. Mário Nogueira desenterrou o “memorando” de má memória, com que salvou Lurdes Rodrigues. Poderia contar a verdadeira história desse episódio, que ele sabe que eu conheço. Preferiu continuar a enganar todas as pessoas todas as vezes, o que é manifestamente impossível, como recordou Lincoln. Devo refrescar-lhe a memória que rejeita. Se numa escola com 100 professores 10 foram à reunião de consulta e 9 aprovaram o memorando, isso permitiu-lhe dizer que obteve 90 por cento de aprovações. Os bonzos da estatística do Ministério da Educação há 5 anos que usam os mesmos métodos. A escola é a mesma. Mas não é a minha.

6. A polémica, aqui, acaba agora. Diga Mário Nogueira o que disser. A minha luta não é contra os sindicatos, muito menos contra a Fenprof. Não alimentarei o gáudio dos detractores dos professores, nem malbaratarei a generosidade do “Público”, sacrificando o espaço onde há anos defendo a escola pública. Se Mário Nogueira quiser continuar, conte comigo. Desde que os espectadores sejam só professores. Diga o sítio e faça os convites. Lá estarei para, cara a cara, lhe dizer o que precisa de ouvir. Entre professores e a bem dos professores e dos seus sindicatos. Sem conclusões previamente redigidas. Com acta feita na hora.

*  Professor do ensino superior


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a origem da polémica:

Esta Fenprof incomoda que se farta!

por Mário Nogueira (*)

Tem sido a Fenprof que, no Parlamento, na Provedoria, nos tribunais, na rua, tem exigido e lutado uma solução. A Fenprof saiu, há dias, do seu décimo congresso. E saiu mais forte, para tristeza de quem gostaria que tivesse perdido dez mil associados, em vez de reforçar a sua representatividade. Não surpreende que, face a esta força, à unidade demonstrada e ao consenso gerado, haja quem se incomode e não o consiga disfarçar...

O congresso avaliou positivamente três anos de propostas, acção e luta. Momentos como o do memorando de entendimento que, na sequência de um inequívoco pronunciamento da classe, foi assinado, foram considerados essenciais no combate ao regime de avaliação, não só por ter dispensado mais de 90% dos docentes e aplicado, aos restantes, uma réplica menor, mas por permitir que a luta não se esboroasse e, oito meses depois de 8 de Março, tivesse despontado ainda mais forte. Surgiram então os primeiros ataques violentos aos sindicalistas, acusados, por alguma gente, de imorais contrapartidas quando, afinal, o ME, revanchista, lhes impôs fortes penalizações de índole profissional.

Em 8 de Janeiro, p. p., a luta dos professores resultou num acordo que acabou com a ignóbil divisão da carreira. Isto num momento em que se destroem carreiras, congelam salários, reduzem direitos... Não sei se a solução foi melhor ou pior do que a admitida pelo PSD e para a qual Santana Castilho tentou ajudar Aguiar-Branco a fazer contas, mas percebi que as preocupações orçamentais estavam muito presentes, o que, vindo de sectores políticos à direita, me preocupou muito.

As apreciações que cada um faz do memorando ou do acordo são legítimas... como legítima é a apreciação da Fenprof tendo por referência os associados, as direcções sindicais, o congresso... Ilegítimo seria a Fenprof ignorar quem representa para satisfazer interesses umbilicais.

Ilegítimo, também, é haver quem, para atacar a Fenprof, recorra a falsidades, como tem acontecido. Como exemplos, leiam-se artigo recente do ex-subsecretário de Estado de Balsemão e alguns posts em blogues da especialidade. A esse propósito, esclareça-se:

- As actas negociais são feitas por juristas e assinadas após correcção. São públicas. Qualquer sindicalizado as pode consultar no seu sindicato. Quanto à acta de 7 de Janeiro (do acordo), ainda não se conhece, porque não foi enviado à Fenprof o projecto para correcção. Portanto, a teoria da conspiração que fala em secretismo é, simplesmente, idiota...

- A ideia de que os juristas da Fenprof não repararam que a avaliação contava para os concursos é outro absurdo. Obrigaria a honestidade que, antes da acusação, fossem lidos os pareceres da Fenprof, os cartazes, os comunicados, as revistas e os objectivos das lutas (não só de agora, mas de quando o ME impôs a avaliação nos concursos como retaliação por não ter sido levantada a greve de 19 de Janeiro de 2009).

- A acusação de que a Fenprof nunca colocou esta questão à actual equipa ministerial é outra mentira. Colocou e logo na primeira reunião com a ministra, em 10 de Novembro. O dossier então entregue à ministra coloca o problema cuja origem foi explicada. Posteriormente, a questão foi abordada diversas vezes e a Fenprof, em 20 de Janeiro, apresentou uma proposta concreta: prorrogar, por um ano, o artigo 6.º das disposições transitórias do DL 51/2009.

Esta exigência integrou a Carta Reivindicativa e foi entregue a todos os partidos políticos e ao Ministério da Educação e foi ainda tema da Conferência de Imprensa de 27 de Outubro de 2009.

Tem sido a Fenprof que, no Parlamento, na Provedoria, nos tribunais, na rua, na comunicação social tem exigido e lutado uma solução.

Tudo isto é claro para quem quer ser esclarecido, o que não acontece com quem prefere manter os equívocos e a mentira; com quem se serve dos argumentos da Fenprof acusando-a de não ter tais argumentos; com quem não perde uma oportunidade de, quando a unidade mais se exige, a tentar quebrar, atacando quem tem melhores condições para a promover... e fica (quase) tudo dito.

A Fenprof e os seus dirigentes têm mantido uma atitude discreta, apesar dos ataques continuados. E fazem-no porque representam, não a si mesmos, mas muitos milhares de docentes que em si confiam e de si esperam um forte contributo para a resolução dos problemas. E tem sido a acção sindical, e não a verborreia de alguns, que, em tempos tão difíceis como os que atravessamos, tem conseguido construir focos de resistência e obter ganhos positivos para os professores e educadores. A Fenprof não confunde a acção sindical com "guerras" pessoais e adopta a postura política e institucional que dela esperam os docentes.

Outra é a postura de quem apenas se representa a si mesmo. Esses podem convocar manifestações e não comparecer; podem dizer as maiores asneiras sem se preocuparem; podem insultar e mentir sem temer consequências...

É essa a diferença entre a vida associativa e a de quem age por si mesmo. Percebeu isso a anterior directora regional do Norte quando comparou os professores ao esparguete para concluir que, todos juntos, ficam fortes, mas um a um quebram facilmente. Na verdade, a vida colectiva é mais complexa mas torna-nos mais fortes, para além de ser mais sã e mais democrática. Nela se procuram respostas para situações reais, o que raramente se compadece com a satisfação de clientelas virtuais.

Foi assim, respeitando o jogo e as regras democráticas, que a Fenprof sempre agiu; assim cresceu e afirmou-se; é assim que a Fenprof continuará a actuar... Incomoda?! Claro que sim, como se confirmou nos últimos dias: incomoda o poder, os amigos do poder e os que, não sendo poder, nele buscam um efeito catalisador... Pois bem, o 10.º Congresso decidiu que a Fenprof deverá continuar a incomodá-los!

(*)Secretário-geral da Fenprof


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o fim da Pontos nos ii

 Lusa| 2006-11-28
notícia retirada daqui

Director da Pontos nos ii alega intervenção nos conteúdos 

O director da revista mensal sobre educação Pontos nos ii, desenvolvida pela Texto Editores, afirma que a editora decidiu interromper a publicação na sequência de divergências sobre os conteúdos editoriais.

Em declarações à agência Lusa, Santana Castilho afirmou que a administração da Texto Editora pretendeu intervir nos conteúdos da revista Pontos nos ii, considerando esta atitude "lamentável e pidesca".

"Uma atitude censória da administração, que não tem noção de um jornalismo sério e da responsabilidade de informar com isenção", reforçou o responsável, que também lecciona no Ensino Superior.

Contactada pela Lusa, a administração da editora afirmou "não ter nada a declarar" sobre esta situação.

O director do título acusou igualmente a administração da Texto Editores de ter eliminado "todos os registos informáticos" do próximo número da revista.

"Hoje de manhã, íamos introduzir as últimas modificações do próximo número [com capa de Dezembro] e verificámos que todos os registos informáticos tinham sido apagados dos computadores", explicou.

Santana Castilho afirmou que contactou a administração e a direcção de produção da editora para tentar esclarecer esta situação, mas, até agora, não teve qualquer resposta pelo que a equipa da revista desistiu de terminar o próximo número da publicação e apresentar a situação à Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

De acordo com o responsável, as divergências com a administração tiveram início antes da publicação da edição de Setembro, que continha, entre outros assuntos, um artigo sobre a política na área da Educação do actual Governo, uma reportagem sobre um dicionário da editora Verbo e um texto do professor universitário César das Neves sobre a actividade das editoras escolares.

Santana Castilho explicou à Lusa que um dos administradores da Texto Editores solicitou ver o número antes de ser enviado para a tipografia.

"Um pedido que recusei", afirmou o director, acrescentando que, alguns dias mais tarde, outro elemento da administração o criticou por ter uma "postura extremamente democrática" perante os jornalistas da revista e que estava "desgostado com o número".

"Nunca fomos uma newsletter da Texto Editores", reforçou Santana Castilho, salientando que sempre defendeu que "uma coisa era a propriedade da revista e outra coisa era a responsabilidade editorial".

Após algumas reuniões, a administração da editora decidiu que iria interromper a revista e que ia assegurar a sua edição só até ao final do ano, tendo prometido ceder o título ao director.

A revista mensal Pontos nos ii foi lançada em Janeiro deste ano, tendo sido apresentada como um projecto editorial inteiramente dedicado à temática da Educação.

O título surgiu de uma parceria entre a Texto Editores e o jornal Público, que distribuía mensalmente a revista.